Confira a entrevista de Nayara Sylvestre com Chadd Nervig e Conor Kou, game designers de Hearthstone, com novidades de Cinzas de Terralém.
Fala guys! Nayara Sylvestre aqui! Como muitos de vocês devem saber, em 21 de Fevereiro eu estive no Hearthstone Summit que ocorreu em Irvine, nos Estados Unidos e lá tive o prazer de conversar com Chadd Nervig, game designer responsável por grande parte da criação de tudo o que vai ocorrer no ano da Fênix, e com Conor Kou, game designer por trás do nosso querido Campos de Batalha.
Leia o que de melhor rolou na entrevista:
Nayara: Suponho que um dos requerimentos para uma pessoa entrar na Equipe de Design seja conhecer boa parte da lore de WoW, mas também sei que parte das pessoas não conhece com tanta profundidade tudo o que acontece ou aconteceu em World of Warcraft. Para uma expansão como Cinzas de Terralém, onde há muita coisa relacionada a lore, como vocês fazem para a equipe dominar o assunto e desenvolver a expansão?
Chadd: Na nossa equipe de design temos muitas pessoas com distintos graus de especialidades dentro da lore do WoW. Eu e Dave Kosak geralmente lideramos projetos como este e atuamos como as fontes para que elas encontrem os recursos e caminhos corretos para executar esse tipo de trabalho. Trabalhamos muito em conjunto para checar mais de uma vez e ver se tudo está correto. O time de design inicial fica responsável por muita pesquisa – neste caso por exemplo, sobre a Cruzada Ardente – e as coisas importantes que queremos explorar. É algo feito muito em equipe: cada um pega alguma coisa diferente para começar e depois mostramos uns aos outros nossos rascunhos e rotacionamos nossos materiais para que outros agreguem mais conteúdo ao que já foi produzido. É um processo bem colaborativo.
Nayara: Quanto tempo vocês passam fazendo esse tipo de estudo?
Chadd: Em três ocasiões durante o processo de criação nós pegamos uma semana para focar na essência do que estamos trabalhando. E uma vez que estamos com 90% da criação feita, quem está responsável pelo projeto – neste caso eu – termina todo o resto para que tudo esteja devidamente costurado e se encaixe perfeitamente no que tínhamos proposto desde o início.
Nayara: No Ano do Dragão nós não tivemos expansões baseadas puramente na lore do WoW, como costumava acontecer, em vez disso, tivemos uma história nova e exclusiva para o Hearthstone: a Liga da MAL e a Liga dos Exploradores. Como foi feita essa criação? Uma única pessoa cria a ideia e passa para o time, ou tudo é feito em equipe?
Chadd: Isso também é feito de forma colaborativa. O Ano do Dragão foi algo inovador: estávamos pensando sobre isso por um tempo e queríamos implementar algo único para Hearthstone. Todos os sets ainda foram baseados em World of Warcraft, então tentamos ao máximo fazer tudo se encaixar neste mundo.
Nayara: Vocês têm alguma limitação dentro do WoW sobre como criar a história para Hearthstone? Por exemplo: se vocês quiserem fazer o Illidan de Super Sayajin vocês podem ou há um limite para isso? Caso sim, qual seria?
Chadd: Nós basicamente podemos criar o que quisermos porque não necessariamente precisamos fazer coisas relacionadas ao WoW. Usamos o WoW como base, mas não nos limitamos a ele. Um exemplo é Uma Noite em Karazhan, que não ocorreu em WoW, mas sim em Hearthstone, e foi um sucesso! Outra coisa, é que não ligamos para a linha temporal: temos Medivh, Alextrasza e Khadgar, todos ao mesmo tempo, e estamos super ok com isso.
Nayara: Este ano veio com mais novidades do que qualquer outro. Por que?
Chadd: Estamos trabalhando no Caçador de Demônios há quase dois anos, e estamos fazendo muito agora porque acreditamos que é o melhor para o jogo. Nós fizemos muitos conteúdos diferentes no Ano do Dragão e queremos continuar a fazer isso no Ano da Fênix.
Conor: Somos jogadores de Hearthstone também e amamos o jogo! Então queremos melhorar cada vez mais a experiência de todos. No caso do Campos de Batalha, havia um jogo que nós jogávamos no escritório todos os dias, e pensamos: por que não fazer isso pro Hearthstone também?
Nayara: Agora uma pergunta mais específica. Com a chegada de novos demônios com Cinzas de Terralém, vocês não acham que a carta “Pacto Sacrificial” de bruxo será um problema por ter o custo ‘0′?
Chadd: O “Pacto Sacrificial” será interessante neste momento. Teremos duas classes com base em demônios e até o momento, esta carta tem sido utilizada em casos muito específicos. No caso do Bruxo Galakrond você a utiliza para curar sua própria vida. Então talvez agora ela tenha ainda mais uso do que este, dependendo de como Bruxo e Caçador de Demônios estejam populares no mesmo meta. Pessoalmente estou esperando que o Caçador de Demônios seja mais popular (risos).
Nayara: Nas últimas expansões não vimos mais cards com Investida. Pessoalmente acho isso algo negativo para o jogo, porque apesar de as pessoas brincarem com “face is the place”, o surgimento apenas de cards de Rapidez diminui, mesmo que pouco, o poder e a demonstração de habilidade de escolha de cada jogador, visto que com esta mecânica você vai pôr o lacaio no tabuleiro sempre para a troca, não tendo que escolher entre a “face” ou a troca em lacaios. Não haverá mais cards nesse sentido?
Chadd: Sim, nós apresentamos e colocamos a Rapidez no jogo como um substituto da Investida, e ficamos muito felizes sobre como a mecânica de Rapidez apresentou resultados positivos. Vamos continuar a fazer da Rapidez o meio principal dos lacaios (em vez da Investida), mas ainda gostamos da ideia da Investida. Por exemplo: o “Rei Mó” é uma ótima carta de Investida e funciona muito bem com a identidade da sua classe (Caçador). Ainda há um lugar para a Investida, ainda que restrito e essa mecânica só será apresentada em casos muito específicos. Sabemos que dano que vem direto da sua mão e o fato de seu oponente não poder responder pode tornar o jogo muito perigoso.
Nayara: “Leeroy Jenkins” é uma carta muito querida entre os fãs do jogo. Como vocês esperam que será a comoção entre os jogadores ao saber que ele irá para o Salão da Fama?
Chadd: Eu espero um mix de emoções, mas no geral que seja mais positivo, pois Leeroy é uma das maneiras de você perder muitos jogos.
Nayara: Vocês darão um deck competitivo aos jogadores que estão entrando e retornando ao jogo. Como saber que é um jogador retornante?
Chadd: Isso é baseado no tanto de meses que a pessoa não loga em sua conta. Se forem quatro meses ou mais, ela poderá ganhar um deck competitivo da classe à sua escolha.
Nayara: Muitas pessoas falam sobre a rotação do set clássico de cards. Vocês chegaram a considerar isso? Pergunto porque agora, com a rotação de três coleções, aliada à entrada de uma nova classe pela primeira vez em toda a história do jogo, não seria a melhor oportunidade?
Chadd: Conversamos e discutimos muito sobre isso, mas agora estamos focando em que todos os cards façam sentido com a identidade das classes. E o único caso em que achamos que não está fazendo é o do Sacerdote. Por isso faremos mudanças bem significativas a esta classe. Então eu não esperaria isso acontecer tão cedo.
Nayara: Eu amo tudo sobre a parte competitiva nos jogos, e o fato de em Campos de Batalha você não conseguir dar qeue com mais de um amigo por vez impede o surgimento de eventos e campeonatos. Vocês pretendem criar um lobby específico para o modo para que mais pessoas possam jogar juntas?
Conor: Sim, é um tema que temos discutido bastante e sabemos que é necessário. Já estamos trabalhando nisso e possivelmente no futuro vamos colocar essa possibilidade em prática.
Eu adorei tudo o que foi falado e estou muito ansiosa para a chegada do Ano da Fênix. E você? O que mais curtiu?